segunda-feira, 12 de março de 2012

A linguagem do corpo

         A língua no sentido de comunicação humana, tem o pressuposto da forma e não do seu conteúdo.A cirurgia da forma,no corpo,que funcionaria como uma tradução , outra língua estética,necessariamente passará, da imagem , que também é forma, à uma nova linguagem.....Que linguagem é esta?Primeira é a mudança de forma propriamente dita,muda-se a grafologia,a gramática e léxico corporal seja ele por aumento,supressão e até substituição.Já, o  conteúdo muda também nesta operação.No sentido concreto,não,mas no sentido abstrato,inconsciente sim....muda-se o instinto de potência,....o novo conteúdo passa a ter potência estético-cultural dentro do  contexto social.Ganha-se beleza e com ela poder.É na estética da aparência e não na moral do original que a tradução é bem feita.A nova língua, o novo corpo,deve promover o efeito de atração e prazer.....torna-se um novo objeto de desejo,e com isso ganha-se potência.

quinta-feira, 8 de março de 2012

A revolução da beleza

           A revolução da beleza no corpo,na contemporaneidade surge... no desencantamento do mundo espiritual,... na racionalidade e avanço científico- tecnológico,...na  arte, a partir, de novas correntes que desligam-se de modelos clássicos,...na mudança da família, da mulher , não mais submissa e pudica sexual e esteticamente.Revolução percebida pela mulher- como forma de libertação de cânones morais cristãos-, que vê no corpo e em sua beleza , o neo-humanismo agora,estampado em novas modas e silhuetas ,o humanismo de mercado.O corpo passa a seguir novos cânones, agora, de passarelas, revistas,televisão, internet.A moralidade se esconde e o corpo aparece, e com ele a necessidade de emagrecê-lo, modificá-lo, aumentá-lo, diminuí-lo.Surge a medicina do desejo e com ele a cirurgia plástica Dionisíaca.Ressurge o poder feminino no corpo, e com ele novas relações de família, trabalho e dinheiro.A beleza, “passa à por mesa”.....com fartura para um mercado com fome e a moralidade muda de nome, agora sob a égide da liberdade.

Da beleza universal

        As mulheres procuram tanto à beleza,porque nunca à tiveram em demasia, ao ponto de sentirem-se totalmente saciadas.É assim que a beleza passa a  tornar-se para elas um néctar divino, um vício insaciável, vinho inebriante de Dionísio.Se pudéssemos com toda nossa arte, transformar o mundo em beleza universal, onde todo corpo feminino fosse uno com Afrodite.......Vênus e Hera, quanta miséria geraríamos pelo assédio inconsciente de Paris, quantas guerras de Tróia não teríamos, pelo rapto inconseqüente em nome de Eros.Da beleza universal e suas conseqüências, novamente invocaríamos as máscaras da feiúra, ou os panos escuros da moralidade,do véu que encobre,.... condenaríamos novamente o corpo e a beleza, como ainda condenamos o egoísmo e a sensualidade.  

Mão Apolínea e Mão Dionisíaca

         A mão apolínea vê na arte da forma, a intervenção da beleza e sabedoria divinas, colocadas na ação, que exterioriza o sentimento de felicidade, moralidade, desinteresse, da  alma divina, no corpo moldado, como ser de divindade, a ser vislumbrado,por outras divindades, hereditariamente instituídas no mundo. A mão dionisíaca vê na arte da forma, a construção da beleza e sabedoria humana,colocadas na ação, que exterioriza vontade de potência,transformando à moralidade,interessada e carnal,no corpo moldado, como vir-a-ser de poder, vindo a ser vislumbrado, por outros corpos humanos,provisóriamente existindo no mundo.

Cirurgia Apolínea e Díonisíaca

           A cirurgia apolínea, pressupõe a medida exata,fixidez de pontos de referência,a “perfeição” de linha,toque único, o “ser na uniplasticidade”, na forma , na  cicatriz , o ser na perfeição. Do contrário, à cirurgia dionisíaca pressupõe, a minimização de pontos referênciais fixos, desmedidas iniciais em prol do esboço,”satisfação” de linha,toques múltiplos de finalização, o vir-a-ser de multiplasticidade, da forma , da cicatriz, vir-a-ser na satisfação O  apolíneo emoldura o tempo, congela-o em fotografias de instantes fixos,colocando-os como regras,resultados, modelos, monotoques no ser corporal .O Dionisíaco,flui no tempo,descongela-o em fotografias de tempo real,aqui,agora, como referencial de modelo,regra, resultado, que flui, retoque no vir-a-ser corporal.

quarta-feira, 7 de março de 2012

Corpo de mercado

Fim do século XIX e início do século XX, rompem-se os limites entre o corpo e a alma.......o próprio corpo passa a ser alma, a partir do inconsciente e o cérebro consciente,um instrumento de relação e linguagem entre humanos.”O que pode o corpo?”, passa a ser a pergunta filosófica,funde-se sujeito e objeto,começa o mundo do ‘corpo de mercado”, mercadoria excessivamente feminina.A busca por mais liberdade, no jogo  de poder,leva as mulheres saírem em protesto, tirarem seus sutiãs,encurtarem suas saias, diminuírem seus biquinis, fazerem “top-less” na praia, iniciando o processo de naufrágio, da já decadente moralidade cultural cristã.

terça-feira, 6 de março de 2012

Beleza e poder

        Homem bonito e mulher bela, quando tem uma filha  feia, necessariamente vão ter que virilizá-la para que potência não seja dissipada.Criar beleza é uma opção limitada, precisa-se de mãos dionisíacas.Homem feio e mulher feia quando tem uma filha bonita, investem tudo em sua beleza, para que potência seja conquistada. Femininas são mulheres que se olham constantemente no espelho, para não esquecerem de sua beleza.Masculinos são homens que se olham constantemente no espelho para não esquecerem de sua feiúra.Mulheres que não se olham no espelho se masculinizam.Buscam potência por outros meios. Homens que buscam na beleza sua potência se feminilizam,até nisso há de se ter coragem. Homens que não se olham no espelho são covardes.

O nascimento da beleza

A beleza não nasce pronta, não é essência divina,aqui não existe transcendência.É na existência que a beleza é alcançada temporariamente.A mão dionisíaca ao remodelar à forma, constrói a beleza.Não existe perfeição, existe diferentes graus de satisfação.O conceito de beleza nasceu do grau de instinto e apetite sexual do macho e do olhar receptivo e altamente seletivo da fêmea.Não existe beleza no nada e atemporal: a beleza é propriedade do corpo,no tempo e espaço.Ele existe ou não.Ela existe em graduação.O que chama-se feiúra é um diferente grau de beleza, ainda não potencializado.

outro-estima e o corpo

      O espelho mostra o duplo, nosso dublê de corpo,a partir daí inicia-se o ganho ou perda de potência e a estratégia que vamos criar para adquiri-la novamente ou aumentar sua vazão. O espelho me ensina diariamente, qual disfarce devo usar perante o outro,virilidade ou beleza.O olhar do outro é o espelho do corpo. Quem olha vê no corpo do outro virilidade ou beleza, ou ambos juntos.Quem é olhado se sente aprovado ou reprovado pelo outro-estima.O olhar retribuído tem o mesmo efeito.Os jogos sexuais de poder passam necessariamente por estes dois atributos, não foi à toa que os homens, por tanto  tempo, reprimiram o corpo feminino ,à força, ao olhar do outro, como forma de demonstração e manutenção de poder ,do outro, sobre o corpo.

Beleza e reprodução

        Não existe origem metafísica ou divina da beleza.O animal homem tinha aguçado seu instinto reprodutivo e no corpo via sua atração delimitada nas formas.A fêmea seletiva via na virilidade e proteção à sua segurança .O  macho via na fêmea capacidade de procriação e nutrição de  seus descendentes,à sua beleza.A própria seleção de formas e aleatoriedade genética levou a construção da beleza, pela seletividade da fêmea,na escolha do parceiro reprodutivo.Com a conquista de poder dos homens sobre os outros animais e sobre a natureza,surge o segundo elemento de construção da beleza:o prazer.A beleza construída se divide em dois atributos:reprodução e prazer.A luta de forças entre machos desejando a melhor fêmea cria uma escala hierárquica reprodutiva e de prazer e para sua manutenção surge a moralidade dos fortes,a estética.

Medicina e filosofia

Nossa moral metafísica, médica, baseado em Hipócrates de Kós , contemporâneo de Sócrates, legou-nos a razão e o mundo natural como fonte inspiradora da filosofia médica,associada à conceitos supra-humanos de ética e moralidade,em detrimento de conceitos mágicos e ritualistícos de cura - através do nosso famoso e idolatrado , ícone divino, "Juramento Hipocrático".
A idade média com seus teólogos-filósofos, Tomás de Aquino e Agostinho, reconfirmaram os ideais -hipocráticos gregos e os alinharam com o parâmetro moral do cristianismo, tornando o médico o asceta racionalista-cristão, provedor da cura do corpo, diante do  pecador humano, cabendo ao clero o julgamento e salvação da alma.No século XIX, Niestzche, o filósofo do martelo, do eterno retorno, do além do homem, pronuncia e declara o impensável " A Morte filosófica de Deus", Sua filosofia devastadora prediz o Niilismo médico da contemporaneidade, deixando-nos boquiabertos diante da constatação no Brasil de que o Juramento hipocrático : "Não existe mais".